terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Triste Brasil

Eu estou triste. Vou postar um artigo técnico ainda hoje, mas agora estou precisando reclamar de algumas coisas.

Brasil. Pátria amada... Está tão difícil amar esse país ultimamente. Os bandidos estão dominando o país. Tem bandido, ladrão, estelionatário por todo o lado. Não olhe!

Agora não podemos mais nem nos divertir. Na verdade, quando pudemos? Nossos filhos não podem mais brincar na rua. Até para ir a escola tem que ser em carro blindado.

Qual a solução? Ir para o interior. Fugir da capital. Ares mais puros, pessoas mais simples e... ladrões. Por todo lado. Piores que os da cidade. Pois na cidade ainda existe alguma ordem e lei. Acredite, perto do que está acontecendo nos arredores de São Paulo, a capital é até uma cidade civilizada.

Eu gosto muito de pilotar minha moto pelas encostas da serra da Cantareira, em Mairiporã. Lugar lindo, cheio de cachoeiras, represas, lagos, morros, pedreiras etc. Lugar bom para praticar motocross, rapel, ciclismo etc. Lá temos parques onde se pode andar a cavalo, deslizar em uma tiroleza, ou simplesmente comer uma bela feijoada ou uma pizza aperitivo.

O fato é que não podemos mais aproveitar tudo isso. O lugar está servindo de palco para uma gangue de ladrões de moto. Sabe qual o pior? As pessoas sabem quem são os ladrões e ninguém faz nada.

A Serra da Cantareira já estava sendo atacada há um bom tempo por uma outra gangue. Dois anos atrás roubaram a moto de um amigo meu. De lá para cá, nós mudamos nossa rota para não chegar perto da área onde os bandidos estavam agindo. Mas como a impunidade reina, os ladrões não se sentiram nem um pouco incomodados em chegar mais perto.

Neste final de semana fomos pilotar nas trilhas de Mairiporã. Inclusive o meu amigo, Alemão, que teve sua moto roubada dois anos atrás foi comigo.

Para começar, erramos o caminho. Demos uma volta e atrasamos a chegar no Pedrão, um bar tradicional que é o ponto de partida para as trilhas. Estacionamos o carro, desmontamos as motos, vestimos o equipamento e saímos para pilotar.

Já no primeiro trecho a moto do Alemão apagou completamente no meio de uma subida de pedras. Não tinha como descer nem subir. Tivemos que desmontar a moto dele ali mesmo. Tivemos que tirar tudo: laterais, banco, tanque e até o filtro de ar. No final descobrimos que era o conector do relê de partida. Coloquei um famoso "enforca-gato" para segurar o conector no lugar, montamos tudo e continuamos. Uma grande perda de tempo, pensamos. Atrasou o percurso em mais de uma hora!

Na verdade, a moto do Alemão parou de novo e na segunda vez que eu coloquei o enforca-gato. Perdemos mais que uma hora.

Terminando a primeira parte da trilha, que inclui a volta para o Pedrão, a moto do Alemão pifou de novo. Dessa vez travou a roda traseira. As pastilhas do freio a disco travaram fechadas e não havia como destravá-las. A solução foi abrir o respiro. Pra quê? Na mesma hora que abri o respiro, jorrou fluído fervendo. Parecia uma chaleira!

Resultado: fluído de freio acabou e o bendito do Alemão teve que pilotar sem freio. Voltamos pelas estradas de terra até o Pedrão. Lá sentamos para tomar uma cerveja, enquanto o Alemão e o Márcio iam comprar fluído. Quando eles voltaram, preparamos tudo de novo e saímos para fazer a segunda etapa.

Saímos do Pedrão, pegamos a Estrada das Roseiras com cuidado para não dar de cara com um comando da polícia florestal e subimos a estrada de terra que passa pelo alambique do Belarmino.

Antes mesmo de chegar ao Belarmino, cruzamos com duas motos de trilha. O primeiro, pilotando sozinho, o segundo com garupa. Só que eles estavam de cueca!

Fizeram sinal. Imediatamente fizemos a volta e seguimos eles até o Pedrão. Lá começamos a conversar. Disseram que foram assaltados logo depois da manilha, que é uma trilha não muito longe e que nós fatalmente passaríamos por ali!

Os bandidos saíram do mato, munidos de pistolas calibre .38. Levaram quatro motos e muitos equipamentos. Esses ladrões não apenas roubaram, como escolheram as motos que iriam levar. Chegaram a parar acredito que uma meia dúzia de trilheiros. Escolheram as quatro melhores motos e levaram.

Fomos conversar então com o dono do Pedrão. Nós fazemos trilha lá há mais de quatro anos. Conhecemos bem nosso anfitrião. Quando contamos o que aconteceu ele ficou transtornado! Disse que do jeito que estava indo ele ficaria sem o negócio dele, pois cada vez menos trilheiros estão visitando a região, com medo dos assaltos.

Conversando com mais outras pessoas descobrimos coisas mais atordoantes ainda. Todo mundo sabe quais são os integrantes da gangue e onde eles ficam. Só que o problema é que ninguém tem coragem de fazer nada e a polícia não tem "interesse" em resolver o problema.

O pior é que para resolver a situação é só pagar para a própria polícia, quatro mil reais por indivíduo a ser "apagado". Estamos falando de doze mil reais para acabar com a tal gangue. Mas existe uma solução mais barata que é contratar um outro bandido, que cobra mais barato que a polícia, claro, para resolver a situação por um pacote exclusivo por mil e quinhentos reais.

É senhores e senhoras. Esse é o país onde vivemos. E aí, acharam mais fácil ou mais difícil amar esse país depois dessa?

Fui.
Renato Graccula

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